O consumo de manga entre mulheres saudáveis na pós-menopausa tem efeito vascular positivo, descobriu um estudo da Universidade da Califórnia. O estudo também detectou mudanças favoráveis na produção de metano na respiração, indicando a influência positiva da manga na fermentação intestinal. A pesquisa acrescenta que a ingestão de mangas é mais eficaz para melhorar a saúde intestinal do que comer uma quantidade comparável de suplemento dietético de psyllium.

"Este é o primeiro estudo a demonstrar os efeitos vasculares positivos da ingestão de manga em seres humanos", diz o pesquisador Robert Hackman, do Departamento de Nutrição da Universidade da Califórnia, em Davis. Ele apresentou os resultados no início desta semana no encontro anual da American Society for Nutrition - Nutrition 2018 -, em Boston, EUA. “Nossos resultados baseiam-se em estudos prévios com animais e células que apontam para os benefícios potenciais das mangas para promover a saúde.”

Ele diz ainda que o estudo se concentrou em mulheres na pós-menopausa porque: “Elas apresentam um maior risco de disfunção vascular devido a perda de estrogênio. A doença cardíaca é o assassino número um de mulheres pós-menopáusicas nos países desenvolvidos. ”

Ele acrescenta que os pesquisadores ficaram surpresos com os resultados, pois não esperavam notar uma redução na pressão arterial e um declínio na pressão arterial média.

O estudo incluiu a participação de 24 mulheres saudáveis na pós-menopausa que consumiram 330g (2 xícaras) de manga por dia durante 14 dias. A manga de mel (também conhecida como Ataulfo) foi escolhida para o estudo devido a alta concentração de polifenóis nesta variedade popular.

As mangas contêm uma mistura de polifenóis, incluindo mangiferina, quercetina, galotaninos e ácido gálico, que têm sido o foco de pesquisas anteriores que exploram as potenciais propriedades protetoras das mangas à saúde. Os pesquisadores acreditam que a concentração desses compostos bioativos nas mangas pode ser responsável pela resposta favorável.

Após os 14 dias de consumo de manga, os participantes do estudo retomaram sua dieta diária normal, mas eliminaram a ingestão de manga por 13 dias. As medições foram feitas durante cada visita, incluindo frequência cardíaca e pressão arterial, amostras de sangue e amostras de respiração; que são cada vez mais utilizados em estudos nutricionais para avaliar o estado de saúde intestinal.

No início do estudo, a pressão arterial não foi significativamente diferente entre as visitas. Uma vez que a manga foi consumida, a pressão arterial sistólica foi consideravelmente menor duas horas após a ingestão de manga, em comparação com os valores basais. A pressão de pulso também foi reduzida significativamente duas horas depois de comer manga.

A pressão arterial sistólica (número superior nas leituras de pressão arterial) indica quanta pressão o sangue está exercendo contra as paredes das artérias quando o coração bate. A pressão de pulso é a diferença entre a pressão arterial sistólica e diastólica (número inferior) nas leituras de pressão arterial. A pressão de pulso pode ser usada como indicador da saúde do coração.

Os níveis respiratórios de hidrogênio e metano foram medidos, o que reflete a quantidade de gases que foram produzidos devido a fermentação microbiana no trato intestinal. Alguns participantes do estudo produziram hidrogênio, alguns produziram metano, outros produziram tanto gases quanto alguns não produziram nenhum deles. Seis dos 24 participantes produziram metano e destes seis, três apresentaram redução significativa após o consumo de manga, o que é considerado um resultado favorável para a saúde intestinal.

Hackman sugere que mais pesquisas precisam ser realizadas com um número mais substancial de participantes e “mais pesquisas em humanos (não em estudos com animais) são necessárias antes que alegações de saúde possam ser feitas e aprovadas por agências reguladoras, como a EFSA, para os extratos de manga ou a manga serem usados em produtos de saúde para o coração.