Já se perguntou por que os pimentões vêm em três cores diferentes? Cientistas da Ruhr Universiy, em Bochum, na Alemanha, acham que encontraram a resposta.
No centro do projeto estão os chamados plastídios, organelas típicas de células vegetais nas quais a clorofila é decomposta e os carotenóides são produzidos à medida que a fruta amadurece. Essa transformação é claramente visível na mudança de cor de verde para laranja ou vermelho. A equipe documentou o processo em detalhes e publicou os resultados no The Plant Journal.
Por causa do seu sabor aromático e altas concentrações de ingredientes que promovem a saúde, como vitamina C e provitamina A antioxidante (carotenóides), pimentões, ou Capsicum annuum, são um dos vegetais mais populares do mundo, embora, biologicamente, os pimentões sejam realmente classificados como um fruta.
O processo de amadurecimento dos pimentões abrange desde de frutas fotossinteticamente ativas com alto teor de clorofila e amido até frutas não fotossintéticas ricas em carotenóides. As etapas essenciais dessa transformação ocorrem em organelas de células vegetais típicas, os chamados plastídios.
As organelas progenitoras, ou proplastídeos, são o primeiro passo. Eles ainda não são diferenciados e se transformam em diferentes plastídios dependendo do tipo de tecido e dos sinais ambientais. Em muitas variedades de frutas e vegetais, os cromoplastos se desenvolvem a partir deles.
Em frutos de pimentões, os proplastídeos inicialmente se transformam em cloroplastos fotossinteticamente ativos, a partir dos quais os cromoplastos ricos em carotenóides se desenvolvem por meio da quebra da clorofila e da fotossíntese conforme o fruto amadurece.
O mesmo se aplica aos tomates, embora a equipe de pesquisa enfatize que há uma diferença crucial com relação aos pimentões: os tomates pertencem às frutas climatéricas que continuam a amadurecer após a colheita.
Bioquimicamente, esse processo é caracterizado por um enorme aumento da atividade respiratória com alto consumo de oxigênio, que é denominado de climatério.
Esse não é o caso dos pimentões. “Os pimentões verdes frequentemente disponíveis nos supermercados não estão maduros”, diz Sacha Baginsky, um dos coautores do estudo, ainda carregam cloroplastos ricos em clorofila e, quando o pimentão é fresco, também contém grande quantidade do amido da substância de armazenamento fotossintético.
“Nossos dados agora mostram diferenciação cromoplástica entre pimentões e tomates em nível molecular, o que fornece insights sobre o diferente metabolismo de frutas climatéricas e não climatéricas”, disse Baginsky.
“Esse é apenas um exemplo de várias diferenças, às vezes sutis, no metabolismo dos cromoplastos do tomate e da pimenta. Os dados que coletamos fornecem uma nova abordagem para compreender a diferenciação dos cromoplastos, que agora pretendemos explorar com mais profundidade”. A equipe usará um sistema descrito por um grupo espanhol no qual a diferenciação cromoplástica nas folhas é induzida pela produção de uma única enzima. Isso pode indicar maneiras de produzir carotenóides de forma mais eficaz e sustentável nas plantas.
Fonte: New Food Magazine