Apesar de serem usadas, inclusive, como sinônimos e de se complementarem, alimentação e nutrição possuem definições distintas. Alimentação é o processo pelo qual os organismos obtêm e assimilam alimentos ou nutrientes para as suas funções vitais. Já nutrição é o processo biológico em que os organismos, utilizando-se dos alimentos, assimilam nutrientes para a realização de suas funções vitais.
O estado nutricional é o resultado da interação dinâmica, no tempo e no espaço, dos alimentos e do uso de energia e de nutrientes no metabolismo dos diferentes tecidos e órgãos do corpo humano. Tal interação pode ser influenciada por múltiplos fatores, desde os genéticos, que determinam em grande parte a estrutura metabólica do indivíduo, até fatores do ambiente, de natureza física, química, biológica e social, como por exemplo, o que constitui a prática de esportes, a qual submete o organismo a um estresse profundo, que se reflete nas modificações morfofisiológicas do atleta.
As primeiras referências sobre a relação entre alimento e performance esportiva remontam à antiga Grécia e se referem aos participantes dos primeiros Jogos Olímpicos, os quais atingiram um nível tão extremo de sofisticação, que passou-se a definir alimentos específicos e combinações destes para a sua ingestão, na forma de "ajudas ergogênicas". Nesse contexto, considerava-se que a carne de cabra era ideal para a ingestão de saltadores, a carne de touro para a ingestão de corredores e a carne de porco para a ingestão de lutadores. Com o desenvolvimento científico e técnico e a aplicação das ciências, foi demonstrado o importante papel da nutrição no desempenho esportivo.
Todos os níveis de desempenho físico esportivo se baseiam em uma nutrição adequada, uma vez que a realização de exercícios físicos ao longo do tempo é, em última análise, condicionada pela ingestão de energia nutricional, ou seja, pela produção de energia metabólica utilizável pelo organismo para a realização de um esforço físico de determinada intensidade e/ou duração, dependente da disponibilidade e uso das reservas de energia.
A nutrição é fundamental na prática esportiva, constituindo não apenas um auxílio ergogênico fundamental, mas permitindo a incorporação no organismo de um conjunto de substâncias que atuam como reguladores e substratos sintéticos dos processos bioquímicos, assegurando a psicomotricidade e a bioadaptabilidade do atleta à carga de treinamento a que se submete.
Os alimentos que são incluídos em uma dieta esportiva atendem a três objetivos básicos: fornecer energia, fornecer material para o fortalecimento e reparo dos tecidos, manter e regular o metabolismo. A dieta do atleta deve ter uma aptidão específica, sendo adaptada ao seu estado nutricional e a sua composição corporal, bem como ao tipo de atividade física que desenvolve em termos de intensidade, duração e condições ambientais em que é executada.
Cumprir as diretrizes corretas de alimentação é um requisito fundamental não apenas para uma vida saudável, mas para a obtenção de um melhor desempenho na prática esportiva.
O desempenho esportivo é baseado em uma nutrição adequada, pois o exercício físico e sua manutenção ao longo do tempo são condicionados pela ingestão de energia nutricional. A nutrição adequada é um pré-requisito para equilibrar a perda hídrica e eletrolítica, bem como a rápida reposição dos substratos energéticos utilizados durante o exercício, melhorando os processos anabólicos e, assim, promovendo a recuperação e disposição física para novas sessões de treinamento ou competição.
A nutrição desempenha um papel importante no desempenho e nos resultados finais do atleta, podendo alterar a capacidade de treinamento e garantir todas as adaptações corporais ao exercício, como aumento da necessidade de oxigênio nos músculos durante o exercício e aumento de substratos energéticos.
O gasto energético diário, que condiciona as necessidades calóricas do organismo, é atribuído a três componentes fundamentais, distribuídos da seguinte forma: 25% atividade física, 10% ação termogênica dos alimentos e 60% a 65% metabolismo basal. O gasto metabólico basal ou taxa metabólica basal inclui a energia necessária para manter as funções vitais do organismo em condições de repouso (circulação sanguínea, respiração, digestão, etc.). A taxa metabólica em repouso representa a energia gasta em condições de descanso e em temperatura ambiente moderada.
Um fator considerado o mais importante na modificação do gasto de energia, é o tipo, duração e intensidade da atividade física desenvolvida.
A adequada ingestão energética diária para um atleta é a que mantém um peso corporal adequado para um ótimo desempenho e a que maximiza os efeitos do treinamento. Teoricamente, é possível considerar diretrizes gerais de fornecimento de aporte calórico necessário em função do tipo de atividade realizada e do tempo dedicado à realização da atividade. Na prática, é importante destacar que a quantidade de energia gasta depende, em grande parte, das características do próprio atleta (idade, sexo, peso, altura, estado nutricional e treinamento) e do tipo, frequência, intensidade e duração do exercício, bem como das condições ambientais em que são realizados. Portanto, cada atleta deve ajustar o seu aporte de energia, aumentando ou diminuindo as quantidades ingeridas de acordo com suas necessidades individuais.
Para uma alimentação e suplementação adequadas, é importante que os praticantes de esporte adaptem seus hábitos alimentares e conheçam a forma com que os nutrientes são fornecidos ao organismo para a fisiologia do exercício.
O gasto energético deve cobrir o gasto calórico e permitir que o atleta mantenha uma condição física ideal para o esporte que pratica. O exercício físico aumenta as necessidades de energia e de alguns nutrientes, o que torna essencial seguir uma diretriz dietética que garanta a cobertura de todas as necessidades alimentares do indivíduo.
Entre os principais grupos de nutrientes (micronutrientes e macronutrientes), estão os carboidratos, as proteínas, os lipídios e as vitaminas e sais minerais.
Os suplementos nutricionais são classificados em aminoácidos, compensadores, repositores, energéticos e proteicos.
Entre os ingredientes utilizados para suplementação esportiva, estão as proteínas (albumina, soja, leite e soro de leite); arginina, lisina e ornitina; os BCAA (aminoácidos de cadeia ramificada, incluindo a leucina, valina e isoleucina); o β-HMb, ou ß-hidroxi-ß-metilbutirato; o bicarbonato de sódio; a cafeína; os carboidratos complexos; a L-carnitina; a creatinina; o cromo; o DHEA - dehidroepiandrostearona -; a Gracinia cambogia; o ginseng; a glutamina; os sais de fosfato; o triglicérides de cadeia média; a glucoronolactona; o vanádio; o inositol; o nitrato; e a betaína.
O Brasil é um dos países que mais cresce no segmento de suplementos alimentares. Segundo aAssociação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais (ABENUTRI), em 2018, só o setor de Sport Nutrition, uma das quatro divisões do mercado (que ainda inclui Wellness, Perda de Peso e Nutrição Cosmética) faturou cerca de R$ 2,5 bilhões, crescendo 15% em relação ao ano anterior e a expectativa é que em 2019 ultrapasse esse índice, registrando crescimento na ordem de 20%, chegando a R$ 5 bilhões em 2024.
O destaque no segmento de alimentação esportiva são as bebidas energéticas, seguidas das bebidas esportivas e das bebidas enriquecidas com proteínas, além das barras nutricionais, as quais estão disponíveis em três tipos básicos: as barras de cereais fibrosas; as barras energéticas; as barras proteicas; e as barras dietéticas.
Uma alimentação correta pode determinar o sucesso ou fracasso no esporte. Avanços no campo da nutrição esportiva permitiram aprender mais sobre os erros cometidos no passado, estimulando o interesse do atleta em sua alimentação e não apenas no treinamento físico. A nutrição provou estar intimamente relacionada ao desempenho esportivo, sendo o seu controle e acompanhamento uma ferramenta eficaz para atingir metas cada vez mais altas e alcançar objetivos com maior eficiência.