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AMINOÁCIDOS - ESTRATÉGIA NUTRICIONAL PARA UMA MELHOR QUALIDADE DE VIDA


Introdução

Com o grande desenvolvimento da ciência nutricional e da medicina pelo qual a humanidade vem passando nas últimas décadas, está cada vez mais claro que a alimentação está diretamente ligada à qualidade de vida e longevidade da população. O conceito de que alimentar é a simples ação de comer ficou ultrapassado. Claramente se consolida o conceito de que alimentação é o ato de nutrir, ou seja, prover nutrientes diversos que promovam a manutenção da boa saúde e qualidade de vida à população, que proporcionem uma maior longevidade e que, na medida do possível, auxiliem na redução dos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças.

Diante deste panorama, a ciência dos aminoácidos – nutriente vital à existência dos seres vivos - que vem se desenvolvendo desde o início do século 20 e que teve um grande marco para a medicina moderna em meados dos anos 50, com o desenvolvimento da nutrição parenteral, atualmente está sendo amplamente reconhecida como uma importante estratégia na ciência nutricional. A disseminação do uso dos aminoácidos e o aprimoramento de sua ciência nos últimos anos vêm permitindo as mais diversas aplicações destes nutrientes como ingredientes em uma ampla gama de alimentos lançados nos mercados de países desenvolvidos como o japonês, europeu e americano, contribuindo assim com o bem estar e saúde da sociedade.

O uso de aminoácidos nas formulações de bebidas, iogurtes, cereais matinais e em barras, suplementos alimentares entres outras variedades de alimentos, vem assumindo papel de destaque na indústria alimentícia mundial e se mostrando como tendência, como mostram os dados de renomados institutos de pesquisa como Mintel e Euromonitor. O aprimoramento desta ciência tem despertado o interesse na utilização destes nutrientes, encontrados naturalmente em alimentos como leites e carnes, através de sua adição aos alimentos industrializados, de forma a oferecer às populações dos grandes centros urbanos, em meio ao seu estilo de vida caótico, uma forma de suprir o organismo com estes nutrientes, essenciais à manutenção de uma dieta saudável,

Nota-se como tendência mundial o uso de diversos aminoácidos pela indústria alimentícia na exploração de suas funcionalidades para a prevenção da sarcopenia, no fortalecimento do sistema imunológico, na recuperação do trato digestivo, além é claro do campo mais explorado, que é o seu papel no condicionamento físico e construção muscular. Essa tendência deverá ser notada no Brasil nos próximos anos, mas ainda há muito para se desenvolver no campo regulatório de nosso país.

Leucina para sarcopenia

Sarcopenia é um processo natural decorrente do envelhecimento que causa a diminuição da massa muscular esquelética e está associada à perda de força muscular, o que afeta diretamente a mobilidade e saúde dos idosos. Os mecanismos que conduzem à sarcopenia ainda não foram totalmente esclarecidos, mas sabe-se que estão relacionados ao desequilíbrio entre as taxas de síntese de proteínas e sua degradação.

Devido ao aumento da expectativa de vida da população mundial a sarcopenia vem se tornando uma questão de saúde pública com relativo destaque no mundo desenvolvido e pode ser comparado à osteoporose, que também é uma doença relacionada à idade, porém se refere à perda de massa óssea. A combinação de osteoporose e sarcopenia resulta na significativa fragilidade frequentemente encontrada na população idosa epode ser prejudicial a ponto de impedir que uma pessoa idosa tenha uma vida independente, necessitando de assistência e cuidado constantes e está ligada à redução do equilíbrio, perda de agilidade, quedas e fraturas.

Em idosos o efeito anabólico da ingestão de alimentos na síntese da proteína muscular é substancialmente reduzido e diversos estudos científicos como o de René Koopman e colaboradores de 2006 mostram que a suplementação com leucina tem sido uma estratégia eficaz para reduzir a degradação de proteínas musculares e por estimular a síntese protéica na terceira idade.

Este fato pode estar relacionado ao potencial da leucina para estimular a síntese proteica através da ativação da via da mTOR (alvo da rapamicina em mamíferos), que sugere que a insulina potencializa a via de sinalização da proteína facilitando sua síntese na presença da leucina. Ou seja, a leucina tem se mostrado como modulador da via de sinalização da síntese proteica, segundo Morgana Rabelo Rosa em sua tese de mestrado, pelo instituo de biologia da UNICAMP.

Potencial de mercado

Dados científicos que mostram o uso de leucina como aliado na prevenção da sarcopenia estão sendo utilizados pela indústria alimentícia na inovação e no desenvolvimento de novos produtos, como bebidas enriquecidas com leucina, barras de cereais e outros, destinados a um nicho de mercado com alto potencial de consumo e franca expansão, que é o público composto por pessoas acima dos 50 anos de idade, como mostra o artigo “Cereal, Energy and Snack Barspublicado por Marcia Mogelonsky em agosto de 2010 no portal Mintel.

Glutamina no sistema imunológico

O carboidrato glicose é a principal fonte de energia que corpo humano possui para desempenhar suas funções vitais, desde uma simples contração muscular até como energia para células do sistema imunológico.

É comprovado cientificamente que as células do sistema imunológico como os linfócitos e macrófagos utilizam em grande quantidade, além da glicose como fonte de energia, a glutamina, o aminoácido mais abundante no sangue.

A glutamina necessária ao uso como nutriente para as células de defesa do organismo é liberada principalmente do tecido muscular. Em situações como o do estresse físico, a proteólise muscular é ativada para liberação do aminoácido, o que sugere a conveniência da suplementação com o aminoácido pós-exercício.É sabido, porém, que em situações de maior atividade física, a disponibilidade de glutamina encontra-se reduzida e a quantidade disponível para o sistema imunológico será limitada, representando uma potencial fraqueza para o corpo humano.

Existem evidências de que o exercício físico prolongado pode causar danos ao sistema imunológico e que esse fato está relacionado à disponibilidade de glutamina, como mostram estudos desenvolvidos no departamento de bioquímica da Universidade de Oxford e publicações do International Journal of Sports Medicine.

O estudo publicado por Linda M. Castell e Eric A. Newsholme em 2001 evidenciou o papel da glutamina na prevenção a imunodepressão após realização de exercício físico mostrando que a administração de bebidas contendo doses determinadas de glutamina diminuiu a incidência de infecções em atletas na semana seguinte à da prática de exaustiva de exercícios físicos pelo simples fato de restabelecer os níveis fisiológicos e tornar a glutamina mais prontamente disponível para as células do sistema imunológico.

Potencial de Mercado

Estudos como estes tem sido de suma importância para proporcionar à indústria de bebidas informações que estão permitindo a formulação de alimentos e bebidas à base de glutamina para o consumo de atletas em busca da manutenção de sua saúde física.

Mercados mais evoluídos no quesito de funcionais como o Japonês, já há muitos anos vem se beneficiando das funcionalidades dos aminoácidos, proporcionado à sua população o acesso a uma ampla gama de alimentos que, aliados a um estilo de vida saudável promovem uma melhor qualidade de vida.

Glutamina no trato intestinal

Os enterócitos - um tipo de célula da camada superficial do intestino delgado e grosso - são consumidores vorazes de glutamina, sendo responsáveis pelo consumo de 50 a 60% da glutamina que é obtida por meio da dieta tradicional.

A glutamina desempenha importantes papéis na proteção do intestino, melhorando a permeabilidade intestinal a nutrientes, sua capacidade de absorção e diminuindo efeitos colaterais da enterocolite segundo Linda M. Castell no “Sports Medicine – 2003”.. Além disso, a suplementação da glutamina no tratamento de úlceras também é bastante difundida, sendo utilizada inclusive como principio ativo de medicamentos com funções terapêuticas reconhecidas.

Potencial de Mercado

O desenvolvimento do conhecimento a respeito das funcionalidades da glutamina vem proporcionando novas aplicações a este aminoácido - já amplamente utilizado com fins terapêuticos - agora como ingrediente funcional na produção de iogurtes que proporcionam a manutenção da saúde do trato intestinal, em países asiáticos como, por exemplo, o Japão.

Este uso da glutamina tem um grande potencial para se tornar uma tendência mundial, visto que segundo a pesquisa publicada no 19th annual Shopping for Health survey from the Food Marketing Institute (FMI) and Prevention Magazine” 66% dos entrevistados procuram por alimentos funcionais que tenham como claim a saúde intestinal / digestiva.

BCAA’s para suplementação esportiva

Na falta da glicose como fonte de energia e em momentos de necessidade extrema causado pela prática esportiva, a principal fonte de energia alternativa à queima dos carboidratos será a metabolização dos aminoácidos conhecidos como BCAAs – Branched Chain Amino Acids.

Dessa forma, a suplementação dos BCAAs em praticantes de esportes tem se mostrado eficaz na prevenção da perda de massa muscular durante a prática esportiva.

Estudos vêm mostrando que a suplementação com estes aminoácidos poupa o tecido muscular da degradação provocada pela pratica de exercícios, além de que a leucina, um dos três aminoácidos denominados BCAAs (os outros dois são a Isoleucina e a Valina) tem uma função especifica de extrema importância na síntese proteica, através da ativação da via de síntese protéica mTOR.

Potencial de Mercado

Segundo estudo realizado com 1579 adultos americanos e publicado no “19th annual Shopping for Health survey from the Food Marketing Institute (FMI) and Prevention Magazine” 27% dos entrevistados reconhecem as proteínas como macro-nutrientes mais saudáveis e procuram sempre incluí-las em sua alimentação.

Extrapolando-se este dado, podemos notar a importância da presença dos aminoácidos na nutrição humana visto que essas são as moléculas constituintes das proteínas.

Portanto, assim como esta pesquisa, dados mundiais mostram a crescente tendência do uso dos BCAA’s na formulação de diversas bebidas e alimentos para pessoas que procuram por um estilo de vida mais saudável através da prática de esportes como caminhadas e corridas amadoras e até mesmo atletas de alta performance.

Esta tendência está trazendo para a indústria de alimentos e bebidas uma importante oportunidade de aumento de portfólio e agregação de benefícios às suas tradicionais marcas, adicionando às prateleiras dos supermercados novos produtos com mais funcionalidades nutricionais.

Referências bibliográficas

Koopman, R. et al. Co-ingestion of protein and leucine stimulates muscle proteinsynthesis rates to the same extent in young and elderly lean men. Am J Clin Nutr 2006;84:623–32

Morgana Rejane Rabelo Rosa Russo. Orientador: Everardo Magalhães Carneiro. Instituto de Biologia (IB). “Modulação das vias de sinalização envolvidas na síntese proteica em camundongos: papel do treinamento aeróbio e da suplementação com leucina”

Mogelonsky, M. “Cereal, Energy and Snack Bars”, Mintel 2010

Castell, L. M. and Newsholme, E. A.. The relation between glutamine and the immunodepression.University Department of Biochemistry, Oxford, United Kingdom. Amino Acids (2001) 20: 49–61

Castell L.M. Glutamine Supplementation In Vitro and In Vivo, in Exercise and in Immunodrepression. Sports Medicine 2003; 33(5), 323-345.

* Rafaela Pontes é gerente de marketing e vendas - Aminoácidos - Divisão AminoScience – Ajinomoto. Tel: (11) 5908-8798 - Fax: (11) 5908-8799.

Ajinomoto do Brasil Indústria e Comércio de Alimentos Ltda.




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